sábado, 21 de agosto de 2010

Progresso sem ordem


Neste sábado, 21 de agosto, enquanto eu e meu amigo Rick estávamos a caminho da Bienal do Livro, aconteceu um fato que demonstra o porquê de o nosso o país estar na situação que está, e do seu povo ser taxado de ignorante, em todos os aspectos.

Na estação Tietê do metrô, havia uma fila para as pessoas que iam à Bienal, para que estas se encaminhassem aos ônibus que aguardavam para transportar as mesmas até o evento. A fila não era nada pequena, dava voltas e mais voltas, serpenteava por entre qualquer espaço vazio. Quando chegou em um determinado ponto, haviam dois caminhos a tomar. O guarda que dava orientações nos indicou um desses, o qual a gente seguiu.

No entanto, a fila tinha duas pontas. Chegando no lugar onde as pessoas eram embarcadas, o orientador de lá disse que não poderíamos adentrar o ônibus, já que viemos do lugar errado. Argumentamos, e ele disse que nada poderia fazer, que o outro guarda havia dado a informação incorreta e que lamentava muito pelo ocorrido, mas que deveríamos nos encaminhar novamente ao final da fila, e seguir para o lado certo dessa vez.

Não aceitamos essa decisão. Entramos no ônibus na marra – quando digo "entramos", quero que imaginem um grupo de cerca de 20 pessoas – pois era nosso direito, e não havíamos feito absolutamente nada de errado, apenas seguido as instruções de quem supostamente sabia o que estava falando – talvez esse tenha sido nosso maior erro. Ordenaram que desembarcássemos, pois o carro não sairia nessas condições.

No momento em que saíamos do veículo, surgiu outro "responsável", e disse que podíamos entrar novamente, que o carro saíria, sim. Uma completa falta de organização, onde todos acham que sabem tudo, mas que, na verdade, ninguém sabe de nada.

Só não podíamos ser simples cordeirinhos, acatar bovinamente tudo o que nos foi dito, e encaminharmos-nos novamente ao fim de uma fila – sem exageros – quilométrica.

É por essas e outras coisas pequenas que o nosso país não sai do lugar que está. Pessoas despreparadas são postas onde não deveriam estar. Quem deveria orientar os cidadãos, que não sabem como foi feita toda a logística do evento, passam o dia a berrar, gesticular, e desmentir o seu colega, que sabe tanto quanto ele: nada. E o pior é que não tem preparo algum para ouvir críticas e argumentos de indivíduos indignados com a situação a que foram inseridos involuntariamente.

Ninguém assume a responsabilidade por atos como esse. Os responsáveis sempre procuram jogar a culpa para o outro, dizendo: "Infelizmente, te informaram errado. Daqui, não posso resolver seu problema. Volte lá e argumente com ele. Não posso te ajudar em nada...".

Talvez o dia em que casos como esse – uma gota em um oceano, o qual ondula bem longe de nossos olhos – cessarem, ou pelo menos diminuírem consideravelmente, poderemos, enfim, progredir com ordem.


* Em breve, meu amigo Rick escreverá mais a respeito neste mesmo espaço. *

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