segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Democracia utópica

Vivemos num país democrático, pelo menos na teoria. Temos o direito do voto, de escolher nossos representantes. E é só. O cidadão não participa da elaboração/aprovação de leis, apenas as cumpre, se assim lhe for determinado. Portanto, somos democráticos, mas não como deveria ser.

Quando a população se manifesta sobre algo que teoricamente não pode mudar, não o faz por direito, e sim por insatisfação. Isso se dá por meio de protestos.
Acho qualquer tipo de protesto válido, desde que não se incite a violência. A partir do momento que se faz uso da força, se perde a razão, por mais que o protestante a possua em suas mãos.

Também não sou a favor de passeatas que prejudiquem as demais pessoas. Aqui em São Paulo, por exemplo, isso já foi feito inúmeras vezes na Av. Paulista, um dos pontos mais movimentados da cidade, quiçá do Brasil, privando os demais transeuntes do primeiro direito como cidadão previsto na Constituição: o de ir e vir. O trânsito já é caótico por si só, e não é nem um pouco necessária uma passeata para deixa-lo um pouco pior.

Sou a favor de protestos, de que os cidadãos se mostrem, falem, enfim, se façam ouvir. No entanto, isso necessariamente não quer dizer que eu acredite numa resolução favorável à solicitação.

Pode ser ignorância minha, e retirarei tudo o que eu disse até agora se me for provado o contrário, mas não me lembro de nenhuma passeata que tenha dado frutos. No Rio de Janeiro, várias foram organizadas contra a violência, inclusive uma foi feita na praia, onde os populares fincaram um número de cruzes correspondente à quantidade de mortos durante ataques criminosos, e nada mudou, nada foi feito para que se mudasse essa situação.

No mesmo Rio de Janeiro, apelaram para que o uso da maconha fosse legalizado, o que, obviamente, não aconteceu. E muitas outras, das quais não me recordo e não seria conveniente citar, também não surtiram o efeito esperado. Além disso, muitos protestos foram calados através da força policial, o que só fez aumentar a balbúrdia.

Enfim, é válido se fazer ouvir, mas, particularmente, não acredito que organizar passeatas seja a melhor maneira de se alcançar a (utópica) democracia.

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