sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O Livro

Quando se começa a escrever um livro, obviamente, inicia-se pela introdução à história que será narrada. Nossa vida é a mesma coisa: assim que nascemos, o livro onde nossa história será escrita é aberto, e você mesmo empunhará a caneta vital e escreverá sua própria história.

Esse livro possui um número infinito de páginas em branco a serem preenchidas com trechos alegres, tristes, de reflexões, momentos de desabafo, outros em que você escreve sabendo que as pessoas certamente não te entenderão, enfim, tudo o que se passa com você. E essa é uma das maiores justiças de nossa existência: o direito de cada um escrever seu próprio livro, fazer e contar sua própria história.

O ser humano é livre e, dentro de sua personalidade, a qual dita seus atos, trilha seu caminho, decide que rumo tomar nessa estrada sem fim, com diversas saídas, em todas as direções, exatamente para forçá-lo a pensar muito – ou não – em para que lado seguir.

Conforme o tempo vai passando, até, de certa forma, involuntariamente, as páginas vão sendo escritas, algumas a lápis (essas podem ser apagadas e reescritas) e outras à tinta (essas não dão a possibilidade de serem reparadas. Uma vez escritas, permanecerão assim para todo o sempre).

O livro é composto por capítulos, e cada um narra uma parte de sua história, com suas respectivas vivências, algumas independentes das demais, mas outras intimamente intrínsecas. Isso é o que faz da vida o que ela, indiscutivelmente, é: uma viagem sem escalas rumo a um paraíso individual.

Minha história, como a de vocês, está sendo escrita no livro da vida. E, aqui, gostaria de falar sobre um dos primeiros capítulos dele, aquele que, a cada dia, se aproxima mais e mais de seu fim. A virada dessa página, por mais que lhes possam parecer algo sem nexo, para mim será extremamente difícil, mas sei que é normal, que muitos já passaram por isso (esses certamente me entenderão) e que, os que ainda não viveram essa fase, saberão, num futuro próximo, do que falo.

Esse capítulo se refere à vida escolar. Entramos nessa fase ainda crianças, quando mal conseguimos nos expressar, e saímos dela praticamente adultos, com a cabeça formada e voltada para a trilha sinuosa e cheia de ramificações que é o emprego a ser escolhido.

Particularmente falando, vivi – e ainda vivo, enquanto ela durar – intensamente essa época, uma das melhores, sem sombras de dúvidas, de toda a vida. É nela que construímos amizades que, muitas vezes, perduram para o resto da vida. Será que tem coisa melhor do que, mesmo com uma idade avançada, conversar, desabafar, rir e – por que não? – chorar, se preciso for, com aquela mesma pessoa que você conversou, desabafou, riu, se divertiu e chorou durante toda a sua juventude?

Sinceramente, creio que poucas coisas são mais gratificantes para a alma do que isso. No entanto, como nem tudo dura para sempre, essa fase (a escolar) chega ao fim. Para mim, assim como para muitos amigos meus, esse fim está muito próximo – no máximo, no meio de dezembro já terá terminado –, e isso é algo que me deixa com um vazio enorme, pois sei que nunca mais viverei naquele ambiente, nunca mais conviverei com aquelas mesmas pessoas (por mais desagradável que isso possa ser algumas vezes), nunca mais verei aquele professor chato, mas que, de uma forma ou de outra, estará registrado nas páginas de meu livro, e do qual eu hei de lembrar algum dia.

Poderia escrever muito mais sobre esse capítulo do meu livro, mas prefiro parar por aqui, até para que o texto não fique cansativo (se é que já não está).

Enfim, por ora era isso o que eu tinha a dizer.

Ah, mais uma coisinha: empunhe sempre com muito vigor a sua caneta vital, procure não se perder nas páginas de seu livro (exceto quando estiver mergulhado em trechos capitulares passados, buscando aprendizados, explicações, etc., o que, feliz ou infelizmente, é inevitável. Só não esqueça de retornar ao presente) e nunca pense no ponto final, pois esse será colocado pelo tempo. Apenas ele poderá definir isso. Não espere por ele. Faça tudo o que tiver de fazer antes.

E, quando o ponto final chegar, caso seja merecedor, não tenha dúvidas de que seu livro estará sendo repassado por gerações e gerações, como um verdadeiro exemplo.

Era isso.

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